terça-feira, 16 de novembro de 2010

O Nazismo & Eu

Aviso aos leitores antes de começarem a ler: esse é um texto extremamente pessoal, cheio de opiniões e pretensões, sem nenhuma intenção conexão com o fato histórico ou justificativa para minhas palavras. Se isso te incomoda, então que se foda.

Ser judia é algo que sempre fez parte de mim. Nunca questionei nem reclamei. Sempre enchia a boca ao falar "sou judia" e até meus 14 anos nunca vi problema nisso, aliás, sempre me orgulhei das minhas origens. Não que eu seja religiosa, na verdade aqueles que me conhecem sabem que eu sou uma decepção pro judaísmo. Mas sempre achei muito legal o fato de eu ter uma religião, uma religião com histórias, festas e jantares em famílias, diferente das minhas amigas "católicas" que fizeram primeira comunhão mas nunca iam nas missas. Durante toda minha infância, ser judia significava participar de uma comunidade especial, com um passado obscuro e grotesco, mas que já tinha sido superado.

Minha vida inteira ouvi sobre Hitler, sobre a Segunda Guerra Mundial, sobre os campos de concentração, sobre as câmaras de gás. Acho que nunca dei muita bola, pra mim sempre foi história da hora de dormir, coisa de conto de fadas. Não fazia muito sentido na minha cabeça ter um monstro de bigode que quisesse destruir minha família e os amigos deles sem motivo algum. Enfim, o fato de termos sobrevivido só era orgulho maior para meu pequeno ser falar "Minha família sobreviveu à Segunda Guerra Mundial!".

Parece tudo lindo e maravilhoso, mas as coisas começaram a mudar. Quando comecei a estudar para fazer meu bat mitzvah, muitas questões começaram a surgir, inclusive questionando a existência de Deus, o que era algo que nem passava pela minha cabeça até então. Minha sorte é que tive professores ótimos que estavam afim de debater tudo. Aprendi a ler e escrever em hebraico, fiz a cerimônia e nunca estive tão próxima da minha religião quanto naqueles anos.

Bom, alguns anos depois começaram as piadas de judeu e um sentimento de repulsa começou a crescer em mim. Eu não era avarenta! Isso tava tudo errado! E aí comecei a entender um pouco do ódio contra minha religião. Mas nunca tinha caído a ficha completamente até eu sentar em uma mesa na oitava série em que algum imbecil tinha desenhado uma suástica e escrito "Jews must die! Long live A.H.!"
Foram poucas as vezes que eu senti tanto ódio no coração e raiva, misturado com vergonha por ter acontecido na minha própria escola.

Com o tempo entrei na brincadeira. "Roubo" dinheiro dos amigos e hoje em dia é só falar de judeu que meus conhecidos olham pra mim. É desagradável, mas pelo menos tenho uma desculpa para não emprestar dinheiro para uns otários.

Num segundo momento, lembro de estar no começo do museu Yad Vashem em Jerusalém e, ao assistir os discursos de Hitler e ver aquelas bandeiras com suásticas estampadas e a quantidade de livros que eles queimaram, eu senti nojo. Esse sentimento de repulsa e ânsia de vômito que a gente tem quando vê um cara comendo um sanduíche com uma barata dentro. Eu queria cospir, vomitar, mijar em cima daquele homem e de seus discípulos. Acho que é isso que o nazismo representa pra mim: "humanos" que chegam numa condição de vida tão medícore que começam a dar disculpas ridículas para sua condição e cometer atrocidades horrendas contra seus vizinhos.

E sim, eu sou sádica. Sádica a ponto de sequestrar um neonazista e fazer ele inalar meus puns até ele vomitar as tripas dele fora. "Bem vindo a Treblinka, motherfucker!".

 De qualquer forma, escrevi essa baboseira toda para concluír que, se um dia os judeus se revoltarem contra o nazismo, os pogroms, a Igreja, os cruzados, os egípcios e mais o bando de merda que a gente já aturou, e resolver juntar uns "Inglourious Basterds", pode ter certeza que eu serei o Bear Jew. E aqueles malucos vão sofrer na minha mão como eles nunca imaginaram.

Eu avisei que era sádica....

OBS.: Escrevi esse texto pra botar medo nos alemães que visitam o blog (o segundo país que mais tem visitas aqui!). Mentira. Já já faço um post em homenagem aos deutsches que eu tanto adoro.

3 comentários:

  1. O Nazismo sempre existiu ao longo da história, sob o véu da intolerância e do ódio, cego para a verdade de que, antes de sermos de tal raça ou tal credo, somos seres humanos e, nessa condição, merecemos respeito.
    Por coincidência, estou lendo 'Treblinka' de Jean-François Steiner. Se ainda não leu, super recomendo.

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  2. hahaha.
    Adorei o seu post.
    E compartilho de muitas das suas opiniões.
    E sim, piadas sobre dinheiro só um saco. hehe
    Beijos

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